sexta-feira, 30 de agosto de 2013

fragmentos primeiros


Estava entretida em pensar sobre os inícios e fins. "As coisas, isso que sonda a vida, tudo isso, são voltas. Apenas repetições, em espaço e tempo diferentes", pensou entretida consigo mesma. Ao mesmo tempo, os retornor, as indas e vindas e essa sensação de acontecimento repetido, pareceu-lhe banal.
Expressou isso com um leve franzir da testa...
"Não é nenhuma novidade e isso é uma confirmação" sussurrou em voz baixa.

Seus passos eram sempre rápidos. Como seus pensamentos. Assim fazia seu caminhar.

Ao perceber sua ligeirice, diminuiu o ritmo... tentou acalmar sua mente. Procurou olhar ao redor... e se surpreendeu ao notar alguma beleza naquela parte da cidade.

 O trilho do trem cortava sua rota, dando charme a paisagem. O apito, estridente ecoava em persistência, clamando atenção. Atenção!
 Sonoramente não era agradável, mas de alguma forma a trazia para o presente, marcando um tempo.

Dava para ouvir o apito de sua casa, mais especificamente do quarto, da cama. Toda manhã, o apito soava, num ritual urbano e bucólico, entrecortando suas carícias matinais.

O trilho era cercado por uma parcela de grama até chegar à rua dos carros.
A beira da rua havia uma ciclovia, por ali ela caminhava vigiada pelos hibiscos e patas de vacas.

Na época de florir, ambas as árvores deixavam mais lilás o caminho e isso a agradava muito.

Ao longe dava para ver a serra e de alguma maneira isso a deixava segura, como se o mundo ainda não tivesse se tornado completamente cinza.

A cidade muitas vezes a deprimia, ela havia crescido no interior, e ainda não se acostumara com a cor cinza predominante, achava a aparência das pessoas cinza.

Ao tomar o ônibus a caminho do centro, imaginava seu rosto também cinza.
"Lilás", disse em voz alta, comprimindo os olhos fortemente.

 Percebeu que havia acelerado o ritmo e retornou a olhar os hibiscos e concentrar-se neles Diminuiu seu caminhar, passos mais lentos e firmes. 
" Assim fazem os monges para disciplinar a mente".

Mesmo que não conseguisse caminhar com plena atenção, como faziam os monges zen, ela se sentia bem caminhando e isso por hoje bastava.

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