quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Arte

Les Mademoiselles D'Avignon - Pablo Picasso

Desde a Revolução Francesa, no século XVI o mundo nunca mais foi o mesmo, pelo menos no mundo da arte. A cena artística buscara por novos horizontes, cansada daquela mesmice empregadora. Queria-se liberdade e autonomia para as produções artístiscas. Assim foi feito. Na sociedade contemporânea, o desenvolvimento da arte se caracterizou por uma certa ruptura com as convenções que faziam dela um objeto para intelectuais ou burgueses. Mas o que se pode chamar de arte contemporânea vem muito depois do que se pode chamar de sociedade contemporânea, marcada com o fim da Revolução. O belo, segundo Kant, é perceber na forma de um objeto sua finalidade, sem que possamos determinar conceitualmente qual é o fim específico subjacente a ela. Pois bem, essa idéia de finalidade é remodelada, desgastada. Não se quer mais fazer uma arte que tenha um fim, ou melhor, se quer arte com a finalidade de não ter fim. Oras, em toda história da arte, grega, medieval, renascentista, barroca e clássica, tinha-se um significado por trás de sua confecção. A arte contemporânea não. O desenvolvimento do mercado favoreceu para que ela perdesse seu fim. A arte é feita para ser arte- a famosa l' art pour l' art - , não obedesce à convenções e regras que possam caracterizá-la com algum especificidade e assim determinar algum objetivo além desse: ser arte. Por assim ser, ela torna-se anti-social, desprezando normas e preceitos de estruturação preconcebidos. Então, a arte cria um significado a partir dela mesmo, da singularidade. Ela se afasta da sociedade para criticá-la. Esse afastamento produz um efeito individualizante da obra, no qual seu lugar no mercado é dado pelo seu valor de sí, para sí mesmo e não mais pela universialidade da experiência que cada um pode ter com ela. Por isso ela é tão envolvente. Nela é expressa uma experiência única, sem significado e livre de qualquer regra de interpretação. Na verdade, a arte contemporânea é como um grande quadro negro, onde pode-se escrever e desenhar o que quiser, não precisa mais de conhecimento ou classe para produzir, entender e consumí-la. O discurso é contra o preestabelecimento de normas, o homem está livre para pensar o que quiser. O capitalismo é alienante e a arte moderna quer mostrar isso. Para isso, ela usa de objetos que possam chocar. Apoderando-se de materiais que não são belos, adocicados ou harmoniosos. Prefere por contercer, desfigurar, arranhar, sujar, marcar, fomas e cores que agucem a sensibilidade do receptor. " Todo esse conjunto de elementos que chocam nossa sensibilidade, nossa imaginação e nossa forma de entender a realidade toma o estatuto de algo irracional. Mas essa irracionalidade estética, acaba sendo mais verdadeira e, portanto mais racional do que a aparência de racionalidade que a vida cotidiana possui, que dissimula o sofrimento de todos nós, submetidos à pressão das exigências culturais. A vida no sistema capitalista consiste, então, em uma dupla irracionalidade: recalca de forma exorbitante nossos desejos e obscurece nossos olhar para tal absurdo".