terça-feira, 8 de outubro de 2013

Casa nossa

Pode entrar a casa é sua
Toma-me em seus braços, até deixar-me nua
Nua de vergonha
Nua de  vaidade
Nua do contrário da verdade

Pode entrar a casa é sua
Livre-se na porta de qualquer medo que possua

Até onde vamos, os temores não podem chegar
Venha logo, não se demore ao infinito adentrar

Pode entrar a casa é sua
Nosso amor não tem lugar pra acontecer
Na chuva, no sol, na chuva, na rua

Pode entrar a casa é sua
Faz-me companhia
Com o suco e a salada crua
Faz-me de conta o que desejar, pois sei...
no fundo dos seus olhos o mal não há de estar

Somos juntos, o moço, a moça
Pode entrar a casa é nossa.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

fragmentos primeiros


Estava entretida em pensar sobre os inícios e fins. "As coisas, isso que sonda a vida, tudo isso, são voltas. Apenas repetições, em espaço e tempo diferentes", pensou entretida consigo mesma. Ao mesmo tempo, os retornor, as indas e vindas e essa sensação de acontecimento repetido, pareceu-lhe banal.
Expressou isso com um leve franzir da testa...
"Não é nenhuma novidade e isso é uma confirmação" sussurrou em voz baixa.

Seus passos eram sempre rápidos. Como seus pensamentos. Assim fazia seu caminhar.

Ao perceber sua ligeirice, diminuiu o ritmo... tentou acalmar sua mente. Procurou olhar ao redor... e se surpreendeu ao notar alguma beleza naquela parte da cidade.

 O trilho do trem cortava sua rota, dando charme a paisagem. O apito, estridente ecoava em persistência, clamando atenção. Atenção!
 Sonoramente não era agradável, mas de alguma forma a trazia para o presente, marcando um tempo.

Dava para ouvir o apito de sua casa, mais especificamente do quarto, da cama. Toda manhã, o apito soava, num ritual urbano e bucólico, entrecortando suas carícias matinais.

O trilho era cercado por uma parcela de grama até chegar à rua dos carros.
A beira da rua havia uma ciclovia, por ali ela caminhava vigiada pelos hibiscos e patas de vacas.

Na época de florir, ambas as árvores deixavam mais lilás o caminho e isso a agradava muito.

Ao longe dava para ver a serra e de alguma maneira isso a deixava segura, como se o mundo ainda não tivesse se tornado completamente cinza.

A cidade muitas vezes a deprimia, ela havia crescido no interior, e ainda não se acostumara com a cor cinza predominante, achava a aparência das pessoas cinza.

Ao tomar o ônibus a caminho do centro, imaginava seu rosto também cinza.
"Lilás", disse em voz alta, comprimindo os olhos fortemente.

 Percebeu que havia acelerado o ritmo e retornou a olhar os hibiscos e concentrar-se neles Diminuiu seu caminhar, passos mais lentos e firmes. 
" Assim fazem os monges para disciplinar a mente".

Mesmo que não conseguisse caminhar com plena atenção, como faziam os monges zen, ela se sentia bem caminhando e isso por hoje bastava.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

viajante


poesia espectral

  

                               um pouco de mim se esvai a cada dia
                               posso sentir os pedaços se decomponto
                          
                                       como pequenas mortes,
                                                     deixando frações de mim no espaço...